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22 de fevereiro de 2008
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Nem que eu bebesse o mar 6l3625
Jorge Camargo
Aurlio Agostinho nasceu em Tagaste (atual Souk-Ahras, Arglia), em uma famlia burguesa, em 13 de novembro do ano 354, filho de Patrcio, pai pago, e de Mnica, uma crist fervorosa que exerce sobre ele grande influncia religiosa.
Em Cartago, onde seguiu para estudar, Agostinho aderiu ao maniquesmo, filosofia religiosa que dividia o mundo entre bem, ou Deus, e mal, o Diabo, e que afirmava ainda que a matria intrinsecamente m e o esprito intrinsecamente bom. Agostinho julgou encontrar nesse dualismo maniqueu a soluo do problema do mal e o sentido para a sua vida.
Ao terminar seus estudos, abriu uma escola em Cartago, partiu para Roma e posteriormente para Milo.
Aos trinta e dois anos, afastou-se definitivamente do ensino, em 386, por razes de sade e tambm de ordem espiritual.
Ao final de um maduro exame crtico, Agostinho abandonou o maniquesmo e abraou a filosofia neoplatnica que lhe ensinou, entre outras coisas, a espiritualidade de Deus e a negatividade do mal.
Em setembro do ano 386 Agostinho renunciou inteiramente ao mundo, carreira e ao matrimnio; retirou-se durante alguns meses em companhia da me, do filho e de alguns discpulos nas proximidades de Milo. Ali, aos trinta e trs anos, escreveu seus dilogos filosficos, e, na Pscoa do ano 387, juntamente com o filho Adeodato e o amigo Alpio, foi batizado por Santo Ambrsio.
Depois de sua converso, Agostinho abandonou Milo e aps a morte de sua me em stia voltou para Tagaste. Depois de vender todos os seus bens e distribuir o dinheiro entre os pobres fundou um mosteiro. Ordenado padre em 391 e consagrado bispo em 395 governou a igreja de Hipona (atual Annaba, Arglia) at a morte, aos setenta e cinco anos de idade, que ocorreu durante o assdio da cidade pelos Vndalos, em 28 de agosto do ano 430.
De Agostinho muito poderia ser dito. Dentre outras coisas, que foi o primeiro grande filsofo cristo, o ltimo dos pensadores antigos e o primeiro dos medievais. Que inaugurou a literatura confessional, e que seu livro Confisses tem no mundo Medieval tanta importncia quanto a que dada Odissia ou Divina Comdia na Antiguidade Clssica.
Nele, escrito quando tinha 43 anos de idade, Agostinho narra sua vida e revela a descoberta da intimidade, que poderia ser definida como alma ou realidade espiritual, que no quer dizer necessariamente o no-material, mas a realidade que capaz de entrar em si mesma.
de Agostinho a mxima que diz, "no v fora, entra em ti mesmo: no homem interior habita a verdade".
Sua grande constatao a da interioridade. Essa entrada na intimidade, no mais profundo de si mesmo em confisso, o tema de sua autobiografia e tambm o cerne de seu pensamento: a descoberta de sua prpria intimidade, que comea com ele e que se torna uma aquisio de todos ns.
Quando penso em Agostinho e em mim mesmo, portanto, uma palavra me vem mente: sede.
Desde os primeiros anos de vida, Agostinho revela um anseio profundo, uma busca incessante por sentido e significado; a busca que , por fim, a que todos empreendemos.
Impossvel tambm no relacionar seu anseio letra do Djavan na cano Seduzir:
"Vou andar, vou voar pra ver o mundo, nem que eu bebesse o mar encheria o que eu tenho de fundo."
Vejo Agostinho como um parceiro, um companheiro de jornada que em muitos momentos diz coisas que eu no consigo dizer, que expressa em linguagem profunda e potica minha inquietao diante das muitas perguntas sem resposta que me povoam a alma.
Por isso, considero-o um amigo. Afinal, amigo aquele que nos canta ao ouvido a nossa prpria melodia, a melodia que nos identifica, que nos revela ao mundo e que por muitas vezes esquecemos ao longo do caminho, e que s amigos de verdade tambm conhecem e podem cantarol-la, a fim de que retomemos o tom da vida.
(Trecho do livro-CD "Somos Um", de Jorge Camargo, a ser lanado oficialmente em 25 de fevereiro na Livraria Saraiva do Shopping Morumbi-SP)
Jorge Camargo, mestre em cincias da religio, intrprete, compositor, msico, poeta e tradutor. www.jorgecamargo.com.br

Em Cartago, onde seguiu para estudar, Agostinho aderiu ao maniquesmo, filosofia religiosa que dividia o mundo entre bem, ou Deus, e mal, o Diabo, e que afirmava ainda que a matria intrinsecamente m e o esprito intrinsecamente bom. Agostinho julgou encontrar nesse dualismo maniqueu a soluo do problema do mal e o sentido para a sua vida.
Ao terminar seus estudos, abriu uma escola em Cartago, partiu para Roma e posteriormente para Milo.
Aos trinta e dois anos, afastou-se definitivamente do ensino, em 386, por razes de sade e tambm de ordem espiritual.
Ao final de um maduro exame crtico, Agostinho abandonou o maniquesmo e abraou a filosofia neoplatnica que lhe ensinou, entre outras coisas, a espiritualidade de Deus e a negatividade do mal.
Em setembro do ano 386 Agostinho renunciou inteiramente ao mundo, carreira e ao matrimnio; retirou-se durante alguns meses em companhia da me, do filho e de alguns discpulos nas proximidades de Milo. Ali, aos trinta e trs anos, escreveu seus dilogos filosficos, e, na Pscoa do ano 387, juntamente com o filho Adeodato e o amigo Alpio, foi batizado por Santo Ambrsio.
Depois de sua converso, Agostinho abandonou Milo e aps a morte de sua me em stia voltou para Tagaste. Depois de vender todos os seus bens e distribuir o dinheiro entre os pobres fundou um mosteiro. Ordenado padre em 391 e consagrado bispo em 395 governou a igreja de Hipona (atual Annaba, Arglia) at a morte, aos setenta e cinco anos de idade, que ocorreu durante o assdio da cidade pelos Vndalos, em 28 de agosto do ano 430.
De Agostinho muito poderia ser dito. Dentre outras coisas, que foi o primeiro grande filsofo cristo, o ltimo dos pensadores antigos e o primeiro dos medievais. Que inaugurou a literatura confessional, e que seu livro Confisses tem no mundo Medieval tanta importncia quanto a que dada Odissia ou Divina Comdia na Antiguidade Clssica.
Nele, escrito quando tinha 43 anos de idade, Agostinho narra sua vida e revela a descoberta da intimidade, que poderia ser definida como alma ou realidade espiritual, que no quer dizer necessariamente o no-material, mas a realidade que capaz de entrar em si mesma.
de Agostinho a mxima que diz, "no v fora, entra em ti mesmo: no homem interior habita a verdade".
Sua grande constatao a da interioridade. Essa entrada na intimidade, no mais profundo de si mesmo em confisso, o tema de sua autobiografia e tambm o cerne de seu pensamento: a descoberta de sua prpria intimidade, que comea com ele e que se torna uma aquisio de todos ns.
Quando penso em Agostinho e em mim mesmo, portanto, uma palavra me vem mente: sede.
Desde os primeiros anos de vida, Agostinho revela um anseio profundo, uma busca incessante por sentido e significado; a busca que , por fim, a que todos empreendemos.
Impossvel tambm no relacionar seu anseio letra do Djavan na cano Seduzir:
"Vou andar, vou voar pra ver o mundo, nem que eu bebesse o mar encheria o que eu tenho de fundo."
Vejo Agostinho como um parceiro, um companheiro de jornada que em muitos momentos diz coisas que eu no consigo dizer, que expressa em linguagem profunda e potica minha inquietao diante das muitas perguntas sem resposta que me povoam a alma.
Por isso, considero-o um amigo. Afinal, amigo aquele que nos canta ao ouvido a nossa prpria melodia, a melodia que nos identifica, que nos revela ao mundo e que por muitas vezes esquecemos ao longo do caminho, e que s amigos de verdade tambm conhecem e podem cantarol-la, a fim de que retomemos o tom da vida.
(Trecho do livro-CD "Somos Um", de Jorge Camargo, a ser lanado oficialmente em 25 de fevereiro na Livraria Saraiva do Shopping Morumbi-SP)
Jorge Camargo, mestre em cincias da religio, intrprete, compositor, msico, poeta e tradutor. www.jorgecamargo.com.br
Mestre em cincias da religio, intrprete, compositor, msico, poeta e tradutor.
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