Opinio 1l3n6q
20 de agosto de 2020
- Visualizaes: 14794
comente!
- +A
- -A
-
compartilhar
C. S. Lewis e o Deus alm da dor e da desesperana 3n2o2b
Por Rosifran Macedo

Ao lidar com o luto da perda de sua esposa, C. S. Lewis desejava manter a lembrana dela a qualquer custo, na tentativa de alivar sua dor. Mas quanto maior era o esforo, mais intensa era a dor. Assim, ele chegou concluso de que:
Voc no pode, na maioria dos casos, obter o que voc deseja se voc desej-lo desesperadamente; de qualquer jeito, voc no poder desfrutar do melhor daquilo... Para a pessoa que sofre de insnia o desejo desesperado de que "precisa dormir", normalmente, d incio a horas sem sono. A pessoa com uma sede voraz no pode, de fato, apreciar uma boa bebida.1
Essa ideia vai contra a tendncia atual de que precisamos perseguir os nossos sonhos e desejos com toda a paixo e determinao. A cultura das metas a serem alcanadas a qualquer custo, dos sonhos grandes e da busca implacvel da realizao de algum desejo parece, no final, no trazer a felicidade to prometida e talvez seja em si uma barreira prpria felicidade.
A razo que ele aponta para isto que quando a realizao de um desejo a conquista de um alvo, o estabelecimento de uma relao, a soluo de um problema, ou mesmo a cura de uma enfermidade se torna um fim em si mesmo, ou seja, a fonte da nossa felicidade, isso nos afasta da Fonte Verdadeira. Quando o desejo se torna um fim, ns podemos nos aproximar de Deus apenas como um meio; as nossas oraes, os nossos cultos e a nossa espiritualidade podem se tornar uma mera tentativa de manipular Deus para que Ele nos conceda o que tanto desejamos. Por isso, Lewis nos adverte:
...eu sei perfeitamente bem que Ele no pode ser usado como um caminho. Se voc se dirigir a Ele, no como o Alvo, mas como um caminho, no como o Fim, mas como um meio, voc no estar se aproximando dEle de modo algum. Porque estaramos transformando num fim algo que s podemos obter como sub-produto do Fim verdadeiro.
Lewis fala que quando tentamos usar Deus como um meio e buscamos incensantemente a realizao de algo, na verdade podemos estar fechando a porta na qual estamos batendo, fechando os ouvidos para ouvir a voz que tanto ansiamos, nos tornando cegos Luz que tanto necessitamos nestes momentos.
No ser a intensidade do nosso desejo que fecha a curtina de ferro, que nos faz sentir que estamos contemplando o vcuo quando tentamos pensar sobre a pessoa falecida? Aqueles que pedem desesperadamente, no recebem. Talvez no possam receber. Nos momentos em que no h nada mais na sua alma, a no ser o grito por socorro, talvez seja o tempo no qual Deus no pode atender.
Lewis fala que nestes momentos somos como a pessoa que est se afogando e no pode ser ajudada, pois ir se agarrar desesperadamente a qualquer um que tente se aproximar para salv-la.
No entanto, ele compara a sua tese com a promessa bblica de Mt. 7.8: Pois todo o que pede, recebe; e quem busca, acha; e ao que bate, abrir-se-lhe-. Pedir, buscar e bater so encorajados pelo Senhor Jesus, todavia, a maneira como o fazemos pode ser errada:
Mas ser que bater significa esmurrar e chutar desesperadamente? Talvez os seus gritos insistentes o tornem surdo voz que espera ouvir. Precisamos ter a capacidade para receber, se no, nem a onipotncia pode nos dar. Talvez a nossa prpria paixo tenha destrudo, temporariamente, esta capacidade.
Mas ser que bater significa esmurrar e chutar desesperadamente? Talvez os seus gritos insistentes o tornem surdo voz que espera ouvir. Precisamos ter a capacidade para receber, se no, nem a onipotncia pode nos dar. Talvez a nossa prpria paixo tenha destrudo, temporariamente, esta capacidade.
Ele descobre que quando aprende a colocar o seu desejo em segundo plano, e Deus em primeiro, h uma compreenso melhor do luto que est vivendo e pode ter o seu desejo realizado, de maneira apropriada:
... o luto uma parte universal e integral da experincia do amor. Ele segue o casamento, to normal quanto o casamento segue o namoro ou o outono segue o vero. No o truncamento do processo, mas uma das suas fases; no a interrupo da dana... mas o trgico o no qual precisamos aprender a amar a "pessoa em si", e no retroceder e amar o ado, ou nossas memrias, ou nossa tristeza, ou o alvio da nossa tristeza, ou o nosso amor prprio... O que queremos viver bem e fielmente o casamento tambm nesta fase. Se doer (e certamente doer) ns aceitamos as dores como uma parte necessria desta fase... Pois, como eu descobri, o luto intenso no nos liga com as pessoas mortas, mas nos separa delas... E, de repente, no momento exato em que eu pranteei menos a falta de Helen, eu tive as melhores lembranas dela.
... o luto uma parte universal e integral da experincia do amor. Ele segue o casamento, to normal quanto o casamento segue o namoro ou o outono segue o vero. No o truncamento do processo, mas uma das suas fases; no a interrupo da dana... mas o trgico o no qual precisamos aprender a amar a "pessoa em si", e no retroceder e amar o ado, ou nossas memrias, ou nossa tristeza, ou o alvio da nossa tristeza, ou o nosso amor prprio... O que queremos viver bem e fielmente o casamento tambm nesta fase. Se doer (e certamente doer) ns aceitamos as dores como uma parte necessria desta fase... Pois, como eu descobri, o luto intenso no nos liga com as pessoas mortas, mas nos separa delas... E, de repente, no momento exato em que eu pranteei menos a falta de Helen, eu tive as melhores lembranas dela.
Mas ele sabe que este princpio de buscar a Deus em primeiro lugar e colocar o seu desejo em segundo lugar, ou de no busc-lo inexoravelmente, ou, at mesmo, de abrir mo dele, contraria, choca a lgica humana:
Senhor, estes so os teus termos? Ser que s poderei encontrar Helen novamente se aprender a te amar tanto que no importa se eu encontr-la ou no? Considera, Senhor, como isto parece para ns. O que algum pensaria de mim se eu dissesse aos meninos Nada de balas agora. Mas quando vocs crescerem e, de fato, no mais desejarem balas, vocs podem ter o tanto que quizerem">C.S. Lewis e a ameaa do novo coronavrus
20 de agosto de 2020
- Visualizaes: 14794
comente!
- +A
- -A
-
compartilhar
QUE BOM QUE VOC CHEGOU AT AQUI. 3c2p5s
Ultimato quer falar com voc.
A cada dia, mais de dez mil usurios navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, alm do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bblicos, devocionais dirias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, alm de artigos, notcias e servios que so atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.
PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.

Leia mais em Opinio 5h1i9

Opinio do leitor w2a3f
Para comentar necessrio estar logado no site. Clique aqui para fazer o ou o seu cadastro.
Ainda no h comentrios sobre este texto. Seja o primeiro a comentar!
Escreva um artigo em resposta
Para escrever uma resposta necessrio estar cadastrado no site. Clique aqui para fazer o ou seu cadastro.
Ainda no h artigos publicados na seo "Palavra do leitor" em resposta a este texto.
Assuntos em ltimas 1s2e6n
- 500AnosReforma
- Aconteceu Comigo
- Aconteceu h...
- Agenda50anos
- Arte e Cultura
- Biografia e Histria
- Casamento e Famlia
- Cincia
- Devocionrio
- Espiritualidade
- Estudo Bblico
- Evangelizao e Misses
- tica e Comportamento
- Igreja e Liderana
- Igreja em ao
- Institucional
- Juventude
- Legado e Louvor
- Meio Ambiente
- Poltica e Sociedade
- Reportagem
- Resenha
- Sessenta +
- Srie Cincia e F Crist
- Teologia e Doutrina
- Testemunho
- Vida Crist
Revista Ultimato 4q3o1f
+ lidos 4555x
- Esperana utilizvel
- Domingo da Igreja Perseguida (DIP) 2025 acontece dia 15 de junho
- Lamento. Rinaldo de Mattos (1934-2025)
- O que esperar do papado de Leo XIV? Observaes de um protestante
- Dilogos de Esperana vai ouvir adolescentes
- A relao apaixonada dos evanglicos com Israel
- Reversos da vida
- Pais, acreditem em seus filhos!, pedem adolescentes
- Marcas bblicas na psicologia e na psiquiatria
- Conclio de Niceia 1.700 anos