Um romance sobre idolatria e a identidade humana t73t

Por Norma Braga

At que tenhamos rostos, de C. S. Lewis, mais um romance que tem a idolatria como um dos temas principais. Emocionou-me em vrios momentos. Creio que toda mulher crist que for minimamente sincera consigo mesma no deixar de identificar-se com a personagem principal em suas contradies, sua tendncia para o mal, seu ceder progressivo a desejos que contrariam a conscincia. (No contarei se houve redeno, pois seria spoiler!)

Para esta girardiana obsessiva, foi impossvel deixar de perceber a ambiguidade inerente ao mecanismo do bode expiatrio quando decidem justamente sacrificar, como Grande Oferenda, a Amaldioada. Em A violncia e o sagrado, Girard j havia chamado a ateno para essa caracterstica to central dos sacrifcios, a viso do sacrificado imersa em profunda ambiguidade, como atesta esse canto de investidura do Moro-Naba, na tribo dos Mossi em Uagadugu: Tu s um excremento,/ Tu s um monte de lixo,/ Tu vens nos matar,/ Tu vens nos salvar.

Essa viso to distorcida do outro  que em uma hora o pior dos piores, e em outra, posto sem cerimnia alguma no pdio dos deuses  , para mim, uma das marcas mais impressionantes do pecado original nas nossas relaes pessoais e no modo com que vemos a ns mesmos. No h equilbrio, nem senso de realidade, nas relaes idoltricas  que so o que nos resta quando no temos Jesus.

Entendi bem por que os deuses no falam conosco abertamente, nem nos do respostas, diz a personagem principal. At que as palavras sejam arrancadas de ns, por que que eles vo ouvir o murmrio daquilo que pensamos querer dizer? Como eles podem olhar bem dentro de nossos olhos, se no tivermos rostos" />