Opinio 1l3n6q
27 de dezembro de 2013
- Visualizaes: 4374
comente!
- +A
- -A
-
compartilhar
O Hobbit: a desolao de Smaug 416c4z

Foi o que o diretor de O Hobbit 1 e 2, Peter Jackson fez: criou sagas dentro da saga, ou seja, histrias fantsticas paralelas e no contadas por Tolkien, ainda que inspiradas por ele e fiel em linhas gerais s cenas principais do livro, o que d margem a desvios da moral geral do livro. Basta comparar o tamanho do livro, muito mais modesto que O Senhor dos Anis, para que possamos desconfiar de dois longas (com previso do terceiro), a partir da obra.
Defendi em O Senhor dos Anis: da Fantasia tica a ideia de que, para se entender bem O Senhor dos Anis, preciso ir alm da fantasia, que muitas vezes pode se tornar autnoma e de moral excessivamente mstica; deve-se ir em direo tica, segundo a qual, no so as imagens fantsticas que importam, mas os valores que elas veiculam.
preciso, por toda a sua obra ir de uma interpretao esotrica para uma exotrica, ou seja, da abordagem ocultista e alegrica ou hermtica para uma que atenta para o que as imagens remetem, e que est fora delas mesmas. Enquanto na abordagem mstica as imagens tm um valor em si, independente, a abordagem que defendemos da obra (e, portanto, tambm dos filmes) procura interpretar as imagens a partir de sua moral.
Toda histria tem moral ou morais. Nesse sentido, o filme muito rico, falando em coragem, esperana, sonho, busca de coisas perdidas ou bloqueadas (a Pedra de Arken, o anel), lealdade e traio (quando Bilbo abandonado sua prpria sorte na caverna do drago, por exemplo), herosmo, perseverana (quando Bilbo no desiste de procurar o buraco da fechadura na parede de pedra) e at paixo (um dos elementos acrescentados pelo diretor tanto em O Senhor dos Anis quanto em O Hobbit).
Uma das cenas mais comoventes a meu ver, que segue essa linha, quando os elfos percebem que no podem ficar alheios ao mau que est se instaurando e espalhando pela Terra Mdia e confortveis dentro das quatro paredes, mas que eles tinham que se envolver na batalha contra o maligno. Tambm o herosmo dos elfos e sua abdicao e cuidado em relao aos anes e, particularmente, quele que foi envenenado por uma flecha, so memorveis.
Entretanto, duas cenas me chamaram ateno, que no combinam com a tica de O Senhor dos Anis e mesmo O Hobbit. Uma quando se apresenta o poder das trevas como se ele pudesse ter uma natureza independente; como se ele pudesse invadir a luz e, pior, como se ele pudesse derrotar o bem; como fez com a derrota de Gandalf.
Ora, essa abordagem bastante maniquesta, ou seja, retrata o mal como tendo poderes iguais, ou at maiores que o bem, ainda que contrrios a eles. J Tolkien acreditava que bem e mal no so simtricos, que a escurido (falta de luz) sempre foge luz e no tem existncia independente de algo antes luminoso para se instalar.
A outra cena a j mencionada, da pajelana que elfa faz em relao ao ano em quem aparentemente estava apaixonada. Tolkien no apoiava o uso da magia ou exerccio do poder pelo homem para alcanar os seus objetivos, mas apenas a magia das coisas criadas ativamente por Deus. O oculto no tem vida prpria, ele uma derivao corruptora de um estado anterior, luminoso e manifesto. precisamente essa uma das ideias que est por trs do um anel: todos que o carregam e o usam caem na tentao do abuso do poder.
Por outro lado, h muito espao para o mistrio e a aventura no filme e para extrao de sua moral. Por isso, recomendo que todos confiram e tirem suas prprias concluses a respeito dele.
Leia mais
Harry Potter - perspectiva teolgica
Cinema e f crist
Um Ano Com C. S. Lewis
ɠmestre e doutora em educao (USP) e doutora em estudos da traduo (UFSC). autora de O Senhor dos Anis: da fantasia tica e tradutora de Um Ano com C.S. Lewis e Deus em Questo. Costuma se identificar como missionria no mundo acadmico. criadora e editora do site www.cslewis.com.br
- Textos publicados: 68 [ver]
27 de dezembro de 2013
- Visualizaes: 4374
comente!
- +A
- -A
-
compartilhar
QUE BOM QUE VOC CHEGOU AT AQUI. 3c2p5s
Ultimato quer falar com voc.
A cada dia, mais de dez mil usurios navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, alm do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bblicos, devocionais dirias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, alm de artigos, notcias e servios que so atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.
PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.

Leia mais em Opinio 5h1i9

Opinio do leitor w2a3f
Para comentar necessrio estar logado no site. Clique aqui para fazer o ou o seu cadastro.
Ainda no h comentrios sobre este texto. Seja o primeiro a comentar!
Escreva um artigo em resposta
Para escrever uma resposta necessrio estar cadastrado no site. Clique aqui para fazer o ou seu cadastro.
Ainda no h artigos publicados na seo "Palavra do leitor" em resposta a este texto.
Assuntos em ltimas 1s2e6n
- 500AnosReforma
- Aconteceu Comigo
- Aconteceu h...
- Agenda50anos
- Arte e Cultura
- Biografia e Histria
- Casamento e Famlia
- Cincia
- Devocionrio
- Espiritualidade
- Estudo Bblico
- Evangelizao e Misses
- tica e Comportamento
- Igreja e Liderana
- Igreja em ao
- Institucional
- Juventude
- Legado e Louvor
- Meio Ambiente
- Poltica e Sociedade
- Reportagem
- Resenha
- Sessenta +
- Srie Cincia e F Crist
- Teologia e Doutrina
- Testemunho
- Vida Crist
Revista Ultimato 4q3o1f
+ lidos 4555x
- Domingo da Igreja Perseguida (DIP) 2025 acontece dia 15 de junho
- Esperana utilizvel
- Lamento. Rinaldo de Mattos (1934-2025)
- Dilogos de Esperana vai ouvir adolescentes
- O que esperar do papado de Leo XIV? Observaes de um protestante
- A relao apaixonada dos evanglicos com Israel
- Reversos da vida
- Marcas bblicas na psicologia e na psiquiatria
- Pais, acreditem em seus filhos!, pedem adolescentes
- Conclio de Niceia 1.700 anos