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O Crculo 50d1m

Por Carlos Caldas

O Crculo (James Ponsoldt, 2017) um filme sobre tecnologias de comunicao em tempo real e seu impacto na vida das pessoas. O Crculo que d ttulo ao filme uma mega corporao, uma mistura de Apple com Google, liderada por Eamon Bailey (Tom Hanks), uma espcie de Steve Jobs misturado com Steve Zuckenberg. Mae Holland (Emma Watson) a filha nica de um casal de classe mdia baixa. Seu pai sofre de uma doena degenerativa, e a famlia est com dificuldades para fechar o oramento domstico.

Inesperadamente, Mae recebe a notcia de sua amiga Annie, uma trabalhlatra que roda o planeta servindo aos interesses do Crculo, que h uma vaga na empresa. Mae aprovada no teste issional e a a viver o que julga ser um sonho. Seus pais so includos no plano de sade da empresa, e a partir do momento em que mdicos do Crculo monitoram o estado de sade de seu pai em tempo real, 24 horas por dia, este experimenta uma melhora considervel em seu quadro clnico.

A empresa aposta no True You, um aperfeioamento do atual Facebook, e no SeeChange, um programa em que, graas a milhares de microcmeras espalhadas pelo mundo, as pessoas seriam monitoradas em tempo real o tempo todo ou seja, todo mundo estaria em um Big Brother. A profecia de George Orwell em 1984 se torna realidade. A jovem Mae se voluntaria para ser a primeira pessoa observada 24 horas por dia por todo mundo do mundo com o s tecnologias do Crculo. A empresa de Eamon Bailey d a todos o a um panopticon, o olho que tudo v.

Parece que o diretor Ponsoldt quer mostrar que tecnologias de comunicao em tempo real so ambguas, podendo ser teis ou no. Em uma das poucas cenas do filme que conseguem prender a ateno de quem o assiste (porque na maior parte do tempo o filme modorrento, para usar uma palavra antiga), Mae resolve praticar caiaque, sua diverso favorita, mas de noite, e sem colete salva-vidas. O mar est encapelado, o caiaque vira, ela quase morre, e s salva porque foi vista por quem a estava acompanhando pelos programas do Crculo, e estes acionaram a Guarda Costeira. Mas ao mesmo tempo ela perde a vida familiar e as antigas amizades, pois o Crculo a absorve inteiramente. Um antigo amigo, arteso de profisso, que s queria privacidade, ao ser perseguido por pessoas que o acusavam de matar cervos para fazer suas esculturas, se desespera ao ser perseguido por pessoas que queriam film-lo e denunci-lo, e acaba despencando com seu carro em um precipcio.

Mesmo assim Mae continua no Crculo, com uma fidelidade canina aos seus empregadores. Ela experimenta, de maneira rpida e inexplicvel, uma ascenso meterica na empresa, e a a fazer, ao lado do prprio Eamon Bailey, discursos assistidos por centenas de milhes de pessoas ao redor do planeta, nos quais defende o fim da privacidade e de todo e qualquer segredo que algum possa ter, com frases (vazias) de efeito como segredos so mentiras.

Com a ajuda de Ty Lafitte (John Boyega, de Star Wars O despertar da Fora), o engenheiro que projetou o True You, mas se afastou do Crculo, por perceber os rumos que a companhia estava tomando, Mae descobre que a empresa no to inocente quanto ela pensava. Ter o a todas as informaes de todo mundo potencialmente perigoso, muito perigoso. Ela consegue desmascarar a hipocrisia de Bailey, mas a ltima sequncia do filme contradiz toda a crtica que Ponsoldt parecia estar querendo fazer: de novo em um caiaque, ao ver que est sendo filmada por drones, Mae sorri, com aquele sorriso inexpressivo que caracteriza Emma Watson. O sorriso sem graa de Mae Holland incoerente com tudo que o filme mostrou at o momento, e joga por terra toda crtica que, pensava-se, o filme construa. Talvez James Ponsoldt esteja querendo dizer que no h como fugir aos avanos da tecnologia, e que esta avanar, acontea o que acontecer.

Em alguns de seus discursos, Mae Holland defende apaixonadamente que uma tecnologia que vigia todo o mundo o tempo todo ser benfica para a humanidade. O Crculo impediria que pessoas mentissem ou que polticos desviassem verbas pblicas para fins pessoais. No mentimos quando estamos sendo observados, diz Mae Holland em um momento. Criminosos e terroristas seriam descobertos, no importa onde estivessem escondidos. O Crculo pretendia fazer o que Deus no fez: controlar todo mundo para que ningum faa nada de errado. Com isso, a tecnologia seria usada para criar o mundo perfeito, o paraso na Terra. Mas a utopia se torna uma distopia. A tecnologia, por mais avanada que seja, no pode fazer o que nem Deus pretendeu.

Fato que, sendo observados ou no, temos liberdade de escolha, tomamos decises, e temos que arcar com as consequncias do que fazemos ou deixamos de fazer. Nisto se resume a vida: fazer escolhas, tomar decises, e aceitar as consequncias dos nossos erros e acertos, sem jogar a culpa de qualquer deciso infeliz nas costas dos outros.

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professor do Programa de Ps-Graduao em Cincias da Religio da PUC Minas, onde coordena o GPRA Grupo de Pesquisa Religio e Arte.
  • Textos publicados: 86 [ver]

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