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28 de setembro de 2021
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No precisamos de mais livros apologticos 312j26
Por Paulo F. Ribeiro
O ttulo dessa resenha foi motivado primeiramente por um profundo sentimento de tristeza pelo descrdito com que o Cristianismo percebido pela sociedade em geral. Hoje, a mensagem de Cristo est resumida em grande parte ao evangelho da prosperidade, do conforto, dos pseudovalores familiares, e at mesmo de apoio a determinado grupo poltico. Os livros mais populares falam de um evangelismo comercial, consumismo, segurana ou enriquecimento pessoal.
C. S. Lewis escreveu algo revolucionrio que pode chocar alguns leitores, mas que est na essncia da misso redentora e transformadora do Evangelho, no que diz respeito publicao de livros:
Creio que um cristo qualificado para escrever um bom livro popular sobre qualquer cincia pode atingir muito mais resultados por meio disso do que diretamente por meio de alguma obra apologtica.
A dificuldade que enfrentamos esta: ns at conseguimos fazer com que as pessoas (muitas vezes) levem a srio o ponto de vista cristo por mais ou menos meia hora; porm, no momento em que a palestra ou a leitura do artigo termina, elas mergulham de volta em um mundo do qual se espera uma posio oposta. Enquanto esta situao existir, o xito geral simplesmente impossvel.
Temos de atacar a linha de comunicao do inimigo. O que queremos no mais pequenos livros sobre cristianismo, mas pequenos livros escritos por cristos sobre outros assuntos com o cristianismo latente. Entendemos isso com mais facilidade quando consideramos o oposto. Nossa f no muito suscetvel de ser abalada por livros sobre o hindusmo, por exemplo. Contudo, se, pela leitura de um livro elementar sobre geologia, botnica, poltica ou astronomia, descobrssemos que suas implicaes so hindus, isso nos estremeceria.
No so os livros escritos em defesa direta do materialismo que transformam o homem moderno em materialista, mas os pressupostos materialistas presentes em todos os outros livros. Da mesma maneira, no so os livros sobre cristianismo que realmente o inquietaro. No entanto, ele se inquietaria caso, quando buscasse uma introduo popular a determinada cincia, a melhor obra no mercado tivesse sido escrita por um cristo.1
Recentemente conclui a edio de um livro com amigos cristos sobre as implicaes sociais da prtica da engenharia. Sei que o livro no ir converter ningum ao cristianismo, mas quero crer que o seu contedo, que cobre aspectos sociais, econmicos, ambientais, etc., possa levar alguns leitores a refletir mais profundamente sobre nossa responsabilidade de cuidar e manter a criao nosso Mandato Cultural: E tomou o Senhor Deus o homem, e o ps no jardim do den para o lavrar e o guardar (Gn 2.15).
E Lewis ainda mais contundente:
O primeiro o para a reconverso deste pas uma srie, produzida por cristos, que consiga superar a Penguin e a Thinkers Library nos prprios termos destas. O cristianismo dessa srie precisaria ser latente, no explcito; e, claro, a cincia nela contida deveria ser completamente honesta. Uma cincia distorcida em favor da apologtica seria pecado e loucura. Contudo, preciso voltar ao meu assunto principal. Nosso dever apresentar aquilo que atemporal o mesmo ontem, hoje e amanh (Hb 13.8) na linguagem especfica de nossa prpria poca.
O mau pregador faz exatamente o oposto: ele toma as ideias de nossa poca e as ornamenta com a linguagem tradicional do cristianismo. Assim, por exemplo, ele talvez pense sobre o Relatrio Beveridge* e fale sobre a vinda do Reino. O ncleo de seu pensamento meramente contemporneo; apenas a superfcie tradicional. Porm, o ensinamento deve ser atemporal em seu cerne e ter uma aparncia moderna.2
Que Deus tenha misericrdia de ns.
Notas:
1. Lewis, C. S.. Deus no banco dos rus (Clssicos C.S. Lewis) (pp. 87-88). Thomas Nelson Brasil. Edio do Kindle.
2.Lewis, C. S.. Deus no banco dos rus (Clssicos C.S. Lewis) (p. 88). Thomas Nelson Brasil. Edio do Kindle.
* BEVERIDGE, William H. Social Insurance and Allied Services. Command Paper 6404, sesso parlamentar 19421943. Londres: H. M. Stationery Office, 1942. O Relatrio Beveridge foi um projeto para o sistema de Segurana Social na Gr-Bretanha.
O ttulo dessa resenha foi motivado primeiramente por um profundo sentimento de tristeza pelo descrdito com que o Cristianismo percebido pela sociedade em geral. Hoje, a mensagem de Cristo est resumida em grande parte ao evangelho da prosperidade, do conforto, dos pseudovalores familiares, e at mesmo de apoio a determinado grupo poltico. Os livros mais populares falam de um evangelismo comercial, consumismo, segurana ou enriquecimento pessoal.

Creio que um cristo qualificado para escrever um bom livro popular sobre qualquer cincia pode atingir muito mais resultados por meio disso do que diretamente por meio de alguma obra apologtica.
A dificuldade que enfrentamos esta: ns at conseguimos fazer com que as pessoas (muitas vezes) levem a srio o ponto de vista cristo por mais ou menos meia hora; porm, no momento em que a palestra ou a leitura do artigo termina, elas mergulham de volta em um mundo do qual se espera uma posio oposta. Enquanto esta situao existir, o xito geral simplesmente impossvel.
Temos de atacar a linha de comunicao do inimigo. O que queremos no mais pequenos livros sobre cristianismo, mas pequenos livros escritos por cristos sobre outros assuntos com o cristianismo latente. Entendemos isso com mais facilidade quando consideramos o oposto. Nossa f no muito suscetvel de ser abalada por livros sobre o hindusmo, por exemplo. Contudo, se, pela leitura de um livro elementar sobre geologia, botnica, poltica ou astronomia, descobrssemos que suas implicaes so hindus, isso nos estremeceria.
No so os livros escritos em defesa direta do materialismo que transformam o homem moderno em materialista, mas os pressupostos materialistas presentes em todos os outros livros. Da mesma maneira, no so os livros sobre cristianismo que realmente o inquietaro. No entanto, ele se inquietaria caso, quando buscasse uma introduo popular a determinada cincia, a melhor obra no mercado tivesse sido escrita por um cristo.1
Recentemente conclui a edio de um livro com amigos cristos sobre as implicaes sociais da prtica da engenharia. Sei que o livro no ir converter ningum ao cristianismo, mas quero crer que o seu contedo, que cobre aspectos sociais, econmicos, ambientais, etc., possa levar alguns leitores a refletir mais profundamente sobre nossa responsabilidade de cuidar e manter a criao nosso Mandato Cultural: E tomou o Senhor Deus o homem, e o ps no jardim do den para o lavrar e o guardar (Gn 2.15).
E Lewis ainda mais contundente:
O primeiro o para a reconverso deste pas uma srie, produzida por cristos, que consiga superar a Penguin e a Thinkers Library nos prprios termos destas. O cristianismo dessa srie precisaria ser latente, no explcito; e, claro, a cincia nela contida deveria ser completamente honesta. Uma cincia distorcida em favor da apologtica seria pecado e loucura. Contudo, preciso voltar ao meu assunto principal. Nosso dever apresentar aquilo que atemporal o mesmo ontem, hoje e amanh (Hb 13.8) na linguagem especfica de nossa prpria poca.
O mau pregador faz exatamente o oposto: ele toma as ideias de nossa poca e as ornamenta com a linguagem tradicional do cristianismo. Assim, por exemplo, ele talvez pense sobre o Relatrio Beveridge* e fale sobre a vinda do Reino. O ncleo de seu pensamento meramente contemporneo; apenas a superfcie tradicional. Porm, o ensinamento deve ser atemporal em seu cerne e ter uma aparncia moderna.2
Que Deus tenha misericrdia de ns.
Notas:
1. Lewis, C. S.. Deus no banco dos rus (Clssicos C.S. Lewis) (pp. 87-88). Thomas Nelson Brasil. Edio do Kindle.
2.Lewis, C. S.. Deus no banco dos rus (Clssicos C.S. Lewis) (p. 88). Thomas Nelson Brasil. Edio do Kindle.
* BEVERIDGE, William H. Social Insurance and Allied Services. Command Paper 6404, sesso parlamentar 19421943. Londres: H. M. Stationery Office, 1942. O Relatrio Beveridge foi um projeto para o sistema de Segurana Social na Gr-Bretanha.
Doutor em Engenharia Eltrica pela Universidade de Manchester, na Inglaterra, foi Professor em Universidades nos Estados Unidos, Nova Zelndia e Holanda, e Pesquisador em Centros de Pesquisa (EPRI, NASA). Atualmente Professor Titular Livre na Universidade Federal de Itajub, MG. originrio do Vale do Paje e torcedor do Santa Cruz.
>> http://lattes.cnpq.br/2049448948386214
>> https://scholar.google.com/citations?=38c88BoAAAAJ&hl=en&oi=ao
Pesquisa publicada recentemente aponta os cientistas destacados entre o top 2% dos pesquisadores de maior influncia no mundo, nas diversas reas do conhecimento. Destes, 600 cientistas so de Instituies Brasileiras. O Professor Paulo F. Ribeiro foi includo nesta lista relacionado a rea de Engenharia Eltrica.
>> http://lattes.cnpq.br/2049448948386214
>> https://scholar.google.com/citations?=38c88BoAAAAJ&hl=en&oi=ao
Pesquisa publicada recentemente aponta os cientistas destacados entre o top 2% dos pesquisadores de maior influncia no mundo, nas diversas reas do conhecimento. Destes, 600 cientistas so de Instituies Brasileiras. O Professor Paulo F. Ribeiro foi includo nesta lista relacionado a rea de Engenharia Eltrica.
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