F, cultura e smbolos 27t5a

Era de tardinha quando minha me nos chamou do quintal onde brincvamos e nos reuniu ajoelhados na frente do crucifixo da sala. Meus irmos pequenos no entenderam muito. Eu, a mais velha de sete, tinha acompanhado os os frenticos de minha me durante a tarde, entrando e saindo do quarto onde meu pai estava prostrado. No tnhamos telefone e o ponto de nibus mais prximo ficava a uns 20 minutos de caminhada. Meu pai estava inconsciente em coma na cama. A nica sada que minha me viu para a situao foi reunir os filhos e pedir a misericrdia do Senhor.

O crucifixo, corpo de prata numa cruz de mogno, herdado dos avs, nos olhava circunspecto, mas irradiava esperana. A firmeza da madeira escura, o brilho da prata, refletiam dois milnios de tradio. Refletiam a jornada de uma f a prova de perseguies, guerras, fogueiras, fornos crematrios, gulags, decapitaes em massa.

Rezamos ali reunidos o Pai Nosso, com a conscincia de que nosso desespero seria ouvido pelo Pai. ados alguns minutos minha me ouviu meu pai se mexendo na cama pedindo um copo dgua. Foi o primeiro milagre que presenciei na vida, e marcou a minha f de maneira indelvel.

Hoje no sou mais catlica mas no posso desprezar os smbolos que comunicam a mim e a outros os elementos da minha f. A torrezinha da igreja missionria, algumas vezes com sino dentro, catlica ou protestante, significativa. Aponta para o cu, significa a transcendncia da vida, do destino, da sociedade. No somos daqui a torre diz. O dzimo, atacado por tantos, um smbolo da generosidade crist: meu dinheiro no meu, maior do que eu, pertence ao Rei e ao Reino.

-- Leia este artigo completo no blog da Brulia Ribeiro.

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