Cinco pensamentos de Chesterton sobre o sentido das coisas 1l60h

Graas ao convite para falar sobre G. K. Chesterton que recebi de um seminrio catlico, tive que revisitar Chesterton ultimamente. E me inspirei para escrever mais uma vez sobre Ortodoxia, o grande clssico do autor.

Muitos pensamentos dele so copiados por C.S. Lewis, como, por exemplo, a ideia de que a f crist como a luz do sol, para a qual no podemos olhar de frente, mas atravs da qual vemos todas as demais coisas.

Podemos resumir o pensamento de Chesterton nesse livro em cinco pontos:

1. A incapacidade de o mundo explicar-se a si e por si mesmo, mesmo cento e cinquenta anos depois de A Origem das Espcies de Darwin

At hoje no se encontrou o elo perdido, que faria a ponte entre o homem primitivo e o moderno. Tal incapacidade est ligada outra mais bsica de algum, como diria Toms de Aquino, esgotar a essncia de uma mosca sequer. No nos so veis nem o macrocosmo, nem o microcosmo, que so e nunca deixaro de ser um mistrio para a humanidade.

2. O natural (e at o sobrenatural) dotado de sentido e por isso teria que ser dotado a tal por algum

Se h magia, encanto nas coisas que vemos, quer seja na natureza, quer seja no homem, h de ter um mgico para conceber tudo isso. Essa atitude aberta para o mistrio, que considerada infantil, por estar ligada aos contos de fada, a atitude que Chesterton pregava e praticava diante da totalidade do real. Isso que faz com que aprender valha a pena e que torna a educao to significativa.

3. Esse sentido to antigo e misterioso, quanto os drages dos contos de fada

Vemos mais uma vez aqui a importncia basilar que Chesterton atribua aos contos de fada, aos quais dedica um captulo inteiro de Ortodoxia. Porm vemos mais: o seu respeito pela tradio e por dar ouvidos aos mortos (no no sentido literal, mas no de dar ateno ao ado e s sabedorias milenares, que tambm esto contidas nos contos de fada). Por isso que a vida uma grande e interessante aventura.

4. A melhor forma de reverenciar essa entidade criadora e artstica devotando-lhe humildade (alegria) e discrio

A alegria outro ponto basilar do pensamento e da vivncia de Chesterton e que Lewis herdou com todas as letras. Ser cristo ser alegre, ter senso de humor e rir com facilidade. Ser cristo, portanto, ser simples, seguir o exemplo do homem comum, que conta piadas e ri de sua prpria desgraa. No se trata de uma atitude pueril e ingnua, acrtica, mas aberta para as surpresas que a vida oferece, sem ficar o tempo todo tentando control-la. saber relaxar e ter uma viso no estressada das coisas.

5. Todo o bem que se pode encontrar deve ser tratado e preservado como as runas de um palcio antigo

O bem uma pea rara que precisa ser valorizada. Da vem a ideia de restaurao de valores perdidos pela humanidade ao longo do tempo e de tica.

Todas essas ideias soam estranhas ao homem contemporneo, que ctico e no v sentido na vida e nas coisas. Tudo so para ele constructos humanos. No h a transcendncia e no h base real para a f.

E todos esses pensamentos esto relacionados ortodoxia, que no uma camisa de fora, mas princpios basilares de f que orientam a conduta de todo cristo. Negar a ortodoxia negar a f e a verdade. Entretanto, muitos telogos da atualidade a negam, sem ao menos entender do que se trata.

Voltemos, ento, com Chesterton, a considerar e professar o Credo dos Apstolos.


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