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27 de abril de 2021
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C. S. Lewis, Pentecostes e os dons do Esprito j3k63

PorRosifran Macedo

Pentecost (1732), por Jean II Restout | Wikimedia Commons (imagem editada)

Num sermo, na celebrao de Pentecostes, Lewis fala sobre a descida do Esprito Santo e a manifestao com o dom de lnguas^[1]. Embora veja como um tema embaraador, ele fala que tem muito a aprender sobre o assunto e que o apstolo Paulo reconhece a fonte espiritual ou sobrenatural para o fenmeno. Uma das dificuldades que na histria da igreja ele tem surgido de forma intermitente, ligado em especial aos movimentos avivalistas, com pessoas explodindo em uma torrente de expresses que parecem no ter coerncia, e no h como garantir que em todas as instncias tenha sido obra do Esprito Santo.

Por outro lado, no h como negar que os discpulos em Pentecostes falaram, pelo poder do Esprito, em outras lnguas, desconhecidas para eles, mas inteligveis para pessoas presentes, e marcou o nascimento da Igreja, proferido por Jesus. Mas alguns acharam que eles estavam embriagados (At.2.13) e o incrdulo moderno explicaria como uma histeria, uma descarga involuntria de excitao nervosa. Lewis ite que h semelhanas entre estes comportamentos. Parece, portanto, que devemos dizer que o mesmo fenmeno que, s vezes, no apenas natural, mas at patolgico, em outras ocasies... ao do Esprito Santo. E isso parece primeira vista muito surpreendente e muito aberto a ataques.

Em resposta, Lewis apresenta a teoria da Transposio, crucial no seu entendimento de toda a realidade espiritual. Existem vrias dimenses existenciais (espiritual, emocional, sensorial) e os recursos da inferior so mais limitados do que da superior. As emoes so mais abundantes do que os sentidos, e para compensar os sentidos usam a mesma sensao para expressar mais de uma emoo at mesmo, para expressar emoes opostas. Por exemplo, ao receber uma notcia surpreendente aprovao num concurso ou um desastre, as respostas dos sentidos so muito parecidas adrenalina, taquicardia, agitao; para emoes opostas, gozo intenso e tristeza profunda. A dimenso da fala mais rica que a da escrita e se temos de escrever uma lngua com muitos sons de vogais, mas temos um alfabeto com apenas cinco vogais, teremos que usar uma mesma vogal para representar sons diferentes, o caso de av e av.

A dificuldade que h uma continuidade bvia entre as experincias espirituais e naturais e a manifestao do sobrenatural apresenta os mesmos elementos do natural. Emoes, imagens e expresses espirituais no contm nada que no seja emprestado da natureza. Os msticos expressam suas emoes com linguagem que em outro contexto, como o ertico, tem um significado bem diferente. Palavras como: amado, paixo, desejo, apaixonado.

Sabemos que h muita simulao ou manipulao dos dons espirituais, mas temos que reconhecer que tambm h manifestaes genunas. Aquele que no acredita no sobrenatural ir julgar todas as experincias apenas pelas expresses naturais, descrevendo-as como embriaguez ou histeria. J quem acredita no sobrenatural, mas no nos dons do Esprito, pode descrever como histeria ou alguma manifestao do mundo espiritual. muito difcil algum que no acredita nos dons conseguir fazer uma observao objetiva e discernir se so genunas. Sigamos o conselho de Paulo: procurai, com zelo, os melhores dons^[2] e andemos no caminho sobremodo excelente do amor.

Rosifran Macedo pastor presbiteriano, mestre em Novo Testamento pelo Biblical Theological Seminary (EUA). missionrio da Misso AMEM/WEC Brasil, onde foi diretor geral por nove anos. Atualmente, dedica-se, junto com sua esposa Alicia Macedo, em projetos de cuidado integral de missionrios.

Nota
1. The Weight of Glory, Harper SanFrancisco, 2001, p. 91-95
2.1 Cor 12.31

Imagem
Pentecost (1732), por Jean II Restout | Wikimedia Commons (editada)

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Os dons do Esprito Santo no so ornamentos

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