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04 de agosto de 2015
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A midiotizao da famlia v254m
Uma boa notcia para quem navega no Portal Ultimato. Disponibilizamos a seguir o artigo A midiotizao da famlia, da seo Casamento e Famlia, da revista Ultimato 355. O texto, at ento exclusivo aos s, agora est liberado para todos e todas. Leia!
***
Casamento e famlia
A midiotizao da famlia
Carlos Catito e Dagmar Grzybowski
Em um domingo destes, eu estava almoando com minha esposa em um restaurante e na mesa ao lado sentou-se uma famlia -- um casal com dois filhos adolescentes. Como sou um observador, reparei que rapidamente todos se assentaram e cada qual puxou do bolso um smartphone e comeou a teclar. S se deram conta de ler o cardpio muito tempo depois e, logo que fizeram os pedidos, voltaram a seus aparelhos, permanecendo envoltos em seus prprios mundos virtuais durante toda a refeio.
Essa cena me fez pensar sobre o impacto da mdia -- refiro-me a todas as expresses miditicas: redes sociais, internet, televiso etc. -- nos relacionamentos familiares. No so poucas as queixas que nos chegam ao consultrio a respeito de filhos que j no interagem com a famlia em momento algum do dia, pois, ao chegarem da escola, logo se envolvem com seus eletrnicos e neles ficam absortos, algumas vezes madrugada adentro. Tambm h queixas de cnjuges que veem o companheiro disperso em um mundo virtual ou televisivo e resumem o dilogo conjugal a expresses monossilbicas.
Esta era eletrnica , sem sombra de dvida, sedutora, pois veicula a informao a uma velocidade espantosa. Agua a curiosidade das pessoas para quererem saber sempre mais, inclusive saber mais detalhes da vida dos outros. Posta-se uma informao ou foto e, em poucos minutos, a rede social -- algumas vezes, at mesmo pessoas desconhecidas -- est se manifestando com um curtir ou comentrios na novssima gramtica interntica: blz; wow; d+ etc.
De que forma esse modelo interacional virtual ps-moderno afeta os relacionamentos familiares? Por que existe a necessidade de tanta informao superficial em tempos quase instantneos? Por que existe a necessidade de exposio de detalhes da vida pessoal para um pblico cada vez mais impessoal?
Creio que essa necessidade de tornar pblico cada detalhe da prpria vida, tirando selfies a cada momento ou postando fotos do que est comendo, traz em si o desejo de se sentir amado. Afinal, se as pessoas curtem o que estou fazendo, porque elas gostam de mim. Um dos maiores desesperos das pessoas hoje em dia serem bloqueadas por algum de uma rede social, pois no fundo no se sentem mais amadas por aquela pessoa.
A necessidade de informao vem da fantasia de que informao sinnimo de poder. Em alguns mbitos, como na poltica, essa premissa verdadeira, mas, no cotidiano, ter muita informao, especialmente a superficial, no empodera ningum, apenas leva facilmente ao estresse por sobrecarga mental. Definitivamente no precisamos saber tudo da vida de todos, antes o importante saber menos e com mais qualidade da vida daqueles a quem realmente amamos.
Por fim, o maior impacto deste modelo interacional dentro da famlia que ele leva os membros da famlia a um ensimesmamento, um mundo paradoxalmente fechado aos que esto prximo e aberto ao pblico em geral. Esta superexposio da vida de forma to superficial tambm traz consigo o descompromisso com o outro -- se um amigo postar uma foto em que aparece embriagado, eu posso apenas curtir ou dizer wow. Mas no tenho o compromisso do dilogo srio e profundo a respeito das consequncias daquela conduta para a vida dele. Afinal, no modelo individualista, cada um autossuficiente e no existe a ideia de comunidade!
De forma alguma sou contra a tecnologia, mas penso que a moderao em todas as coisas padro de sade. Pais devem, desde cedo, estimular os filhos a um processo familiar interativo, suplantando seus cansaos dirios e brincando com os filhos, e nesse brincar promover o dilogo. De igual forma, cnjuges devem aprender a relaxar no acolhimento da intimidade com o outro e no diante da enxurrada de informaes vazias dos eletrnicos. preciso resistir sedutora proposta miditica, que nos isola e egocentriza, aprendendo a usar a tecnologia com sabedoria e prudncia, lembrando que o domnio prprio fruto do Esprito Santo (Gl 5.22).
Carlos Catito e Dagmar so casados, ambos psiclogos e terapeutas de casais e de famlia. So autores de Pais Santos, Filhos Nem Tanto. Acompanhe o blog.
Leia tambm
A midiatizao do cotidiano (Rubem Amorese)
Ontem Esponja, Amanh Peneira
Como se livrar de um mau casamento
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Casamento e famlia
A midiotizao da famlia
Carlos Catito e Dagmar Grzybowski

Essa cena me fez pensar sobre o impacto da mdia -- refiro-me a todas as expresses miditicas: redes sociais, internet, televiso etc. -- nos relacionamentos familiares. No so poucas as queixas que nos chegam ao consultrio a respeito de filhos que j no interagem com a famlia em momento algum do dia, pois, ao chegarem da escola, logo se envolvem com seus eletrnicos e neles ficam absortos, algumas vezes madrugada adentro. Tambm h queixas de cnjuges que veem o companheiro disperso em um mundo virtual ou televisivo e resumem o dilogo conjugal a expresses monossilbicas.
Esta era eletrnica , sem sombra de dvida, sedutora, pois veicula a informao a uma velocidade espantosa. Agua a curiosidade das pessoas para quererem saber sempre mais, inclusive saber mais detalhes da vida dos outros. Posta-se uma informao ou foto e, em poucos minutos, a rede social -- algumas vezes, at mesmo pessoas desconhecidas -- est se manifestando com um curtir ou comentrios na novssima gramtica interntica: blz; wow; d+ etc.
De que forma esse modelo interacional virtual ps-moderno afeta os relacionamentos familiares? Por que existe a necessidade de tanta informao superficial em tempos quase instantneos? Por que existe a necessidade de exposio de detalhes da vida pessoal para um pblico cada vez mais impessoal?
Creio que essa necessidade de tornar pblico cada detalhe da prpria vida, tirando selfies a cada momento ou postando fotos do que est comendo, traz em si o desejo de se sentir amado. Afinal, se as pessoas curtem o que estou fazendo, porque elas gostam de mim. Um dos maiores desesperos das pessoas hoje em dia serem bloqueadas por algum de uma rede social, pois no fundo no se sentem mais amadas por aquela pessoa.
A necessidade de informao vem da fantasia de que informao sinnimo de poder. Em alguns mbitos, como na poltica, essa premissa verdadeira, mas, no cotidiano, ter muita informao, especialmente a superficial, no empodera ningum, apenas leva facilmente ao estresse por sobrecarga mental. Definitivamente no precisamos saber tudo da vida de todos, antes o importante saber menos e com mais qualidade da vida daqueles a quem realmente amamos.
Por fim, o maior impacto deste modelo interacional dentro da famlia que ele leva os membros da famlia a um ensimesmamento, um mundo paradoxalmente fechado aos que esto prximo e aberto ao pblico em geral. Esta superexposio da vida de forma to superficial tambm traz consigo o descompromisso com o outro -- se um amigo postar uma foto em que aparece embriagado, eu posso apenas curtir ou dizer wow. Mas no tenho o compromisso do dilogo srio e profundo a respeito das consequncias daquela conduta para a vida dele. Afinal, no modelo individualista, cada um autossuficiente e no existe a ideia de comunidade!
De forma alguma sou contra a tecnologia, mas penso que a moderao em todas as coisas padro de sade. Pais devem, desde cedo, estimular os filhos a um processo familiar interativo, suplantando seus cansaos dirios e brincando com os filhos, e nesse brincar promover o dilogo. De igual forma, cnjuges devem aprender a relaxar no acolhimento da intimidade com o outro e no diante da enxurrada de informaes vazias dos eletrnicos. preciso resistir sedutora proposta miditica, que nos isola e egocentriza, aprendendo a usar a tecnologia com sabedoria e prudncia, lembrando que o domnio prprio fruto do Esprito Santo (Gl 5.22).
Carlos Catito e Dagmar so casados, ambos psiclogos e terapeutas de casais e de famlia. So autores de Pais Santos, Filhos Nem Tanto. Acompanhe o blog.
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