A menina do cabelo azul 355eo

era uma tarde qualquer no parquinho, quando luze me fez prestar ateno numa menina. ela tinha cabelo azul e ela tinha coragem. acho que ela deveria ter uns 11 ou 12 anos e estava com uma turma de meninas e meninos menores que ela. rodeando o parquinho havia uma turma de meninos maiores, entre 12 e 15 anos, imagino, que faziam pirraa, zombavam e ficavam provocando os menores para que eles, os maiores, pudessem mostrar sua suposta fora e valentia. na verdade, eram covardes. ou eram s meninos? no sei! mas o que sei que a menina de pele morena, olhos claros, cabelo na altura da orelha com mexas azuis, enfrentava os meninos maiores para que eles no batessem nos menores. ela no tinha medo dos maiores e ia para cima deles, enfrent-los. observvamos tudo isso de longe. a atitude e o rosto daquela menina ficaram gravados na minha memria. o tempo ou e, certo dia, a encontrei na mesma igreja em que frequento. a vi de longe e lembrei daquele dia no parquinho. o tempo ou e, noutra ocasio, a encontrei na mesma escola em que minha filha estuda. hoje, quando os alunos retornam s aulas, fui convidado pela pedagoga da escola para fazer uma breve devocional com os alunos do 6 ao 9 ano. antes de ir, fiquei bastante pensativo sobre o que falar e deus trouxe ao meu corao: fale do meu amor, apenas. o momento devocional comearia s 7h30. cheguei alguns minutos mais cedo, sentei e fiquei aguardando. os alunos ento comearam a chegar. de repente, a bem perto de mim a menina de cabelo azul, pele morena e olhos claros. ela estava sorrindo, parecia estar feliz com as amigas. minutos depois, quando me foi dada a palavra, comecei a falar sobre as memrias da infncia, de quando eu brincava na rua e tomava banho no rio. contei tambm as lembranas da escola, de quando meus pais no podiam ir reunio e no primeiro dia de aula eu sempre ficava perdido sem saber qual era a minha sala. contei tambm que minha me fazia meus cadernos com folhas de papel almao cortadas ao meio e a capa com papel madeira, com as letras bonitas que ela sempre teve. falei que nem sempre nossos pais acertam conosco. muitas e muitas vezes, eles fazem e falam coisas que nos machucam. mas, mesmo assim, no precisamos duvidar do amor deles por ns. confessei aos alunos que, agora que sou pai, muitas vezes preciso pedir perdo a elis e joaquim, nas diversas vezes em que falho. ento, em nome dos pais e mes daqueles alunos e alunas, eu pedi perdo a eles, porque talvez eles nunca ouam isso da boca dos prprios pais. eu finalizei enfatizando a eles o amor de deus, que entregou seu filho jesus na cruz, por amor a todos ns. encerrei com uma orao. quando abri os olhos, olhei para todos os alunos e mirei numa menina. ela tinha o cabelo azul, na altura da orelha e a pele morena. os olhos claros, agora estavam vermelhos e cheios de lgrimas. e ela tinha coragem!

---