Por Escrito 1yp51
16 de julho de 2018
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A escurido de Lu Xun r6w3t
Por Caleb Guerra
Muito antes de ser considerado o pai da literatura contempornea chinesa, o jovem Lu Xun (鲁迅) no comeo do sculo ado, deixou de lado as tradues que fazia para o Mandarim das obras de Nietzsche e se debruou em algo que conhecera ali mesmo nos escritos crticos do filsofo alemo ao cristianismo: a figura do profeta sofredor, Jesus Cristo de Nazar. E mais do que um personagem ilustre de uma grande histria ocidental, o escritor chins se identificou profundamente com a pessoa polmica do grande mestre e o ime violento que ele teve com o povo hebreu, que ele dizia ter vindo salvar.
Na busca que se arrastou pelos prximos anos de sua vida, Lu Xun mergulhou nas pginas dos livros do Novo Testamento para tentar entender como Jesus havia paradoxalmente amado homens que ele dizia serem maus e que no poderiam se tornar bons sozinhos, sem a ajuda de Deus (a quem o Cristo chamava de Pai). E nesse processo, Lu Xun trs ao mundo literrio da grande nao tradicionalmente confucionista algo que no era comum nas narrativas e nem no estilo literrio de seus livros: a doutrina do pecado original e da depravao do corao humano.
Em uma de suas novelas mais aclamadas, O Dirio de um Homem Louco, o escritor narra a histria de algum que est perdendo a cabea por ter descoberto que pessoas de almas e coraes amaldioados comiam a carne de outras pessoas (uma exemplificao de quo mau o homem pode ser). Essa maldio algo que ele reconhece ser presente nos homens como uma informao objetiva do DNA do ser humano. Porm, aps algum tempo, a crise do homem que mantm um dirio das loucuras do mundo se agrava ao reconhecer em si a mesma maldade intrnseca no corao de todos aqueles que ele julgava serem maus. O personagem se lembra que quando criana havia comido a carne da sua prpria irm, ou seja, que a perversidade facilmente observvel em homens ao seu redor existia nele tambm, desde quando nasceu. E ento o Homem Louco enlouquece de vez por no haver como se redimir de quem ele era e do que ele havia feito.
As ideias de Jesus, segundo Lu Xun, criaram para si um livre espao de auto reflexo para a possibilidade da descoberta do eu como ele realmente . Assim, a conscincia do pecado como situao irremedivel do corao humano que ele mesmo ou a enxergar e a transferir para as suas histrias mais famosas, veio do grande rabi apresentado pela Bblia, e no de nenhuma das escolas de pensamento filosfico tradicionalmente chinesas.
Mas o escritor chins no conseguia aceitar a redeno que o prprio Jesus oferecia de graa para aqueles que reconhecessem suas existncias feridas e se arrependessem de sua maldade. Em seu poema A despedida da sombra, Lu Xun deixa claro que concorda com o discpulo Joo quando ele diz que aquele que pratica o mal odeia a luz e no se aproxima da luz, mas se recusa a tomar para si a prescrio mdica necessria pra sair das trevas. Ele, ento, escreve: Eu no sou nada alm de uma sombra que vai se despedir de voc e afundar dentro da escurido. A escurido me engolir, seno a luz me far desaparecer. Ento melhor eu sumir dentro das sombras, porque esse mundo pertence todo a mim.
Lu Xun dizia amar o povo chins e desejava ardentemente gui-lo por um caminho superior, assim como Jesus havia feito com os judeus de sua poca. Nesse processo que ava pela influncia que somente a literatura traria, o escritor confessou acreditar que Cristo inspirava boas ideias de amor, devoo e auto-negao necessrias para que isso acontecesse. Diferentemente de cristos chineses da poca, todavia, foi a incapacidade de Lu Xun de enxergar na figura de Jesus a imagem de um salvador pessoal. Por isso ele ite que "continuar perambulando na escurido" era sua nica opo. Tudo indica que ele nunca deu o o de f necessrio para o indivduo caminhar com Cristo, mas acreditava no poder da imagem herica de Jesus de Nazar como modelo a ser copiado por todo aquele que deseja causar mudanas significativas na sociedade. No por fora ou espadas, mas atravs do amor e do sacrifcio.
Caleb Guerra
Contedo atualizado em 19/10/2022.
Foto:Wikimedia Commons
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O cristianismo no gigante asitico
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Na busca que se arrastou pelos prximos anos de sua vida, Lu Xun mergulhou nas pginas dos livros do Novo Testamento para tentar entender como Jesus havia paradoxalmente amado homens que ele dizia serem maus e que no poderiam se tornar bons sozinhos, sem a ajuda de Deus (a quem o Cristo chamava de Pai). E nesse processo, Lu Xun trs ao mundo literrio da grande nao tradicionalmente confucionista algo que no era comum nas narrativas e nem no estilo literrio de seus livros: a doutrina do pecado original e da depravao do corao humano.
Em uma de suas novelas mais aclamadas, O Dirio de um Homem Louco, o escritor narra a histria de algum que est perdendo a cabea por ter descoberto que pessoas de almas e coraes amaldioados comiam a carne de outras pessoas (uma exemplificao de quo mau o homem pode ser). Essa maldio algo que ele reconhece ser presente nos homens como uma informao objetiva do DNA do ser humano. Porm, aps algum tempo, a crise do homem que mantm um dirio das loucuras do mundo se agrava ao reconhecer em si a mesma maldade intrnseca no corao de todos aqueles que ele julgava serem maus. O personagem se lembra que quando criana havia comido a carne da sua prpria irm, ou seja, que a perversidade facilmente observvel em homens ao seu redor existia nele tambm, desde quando nasceu. E ento o Homem Louco enlouquece de vez por no haver como se redimir de quem ele era e do que ele havia feito.
As ideias de Jesus, segundo Lu Xun, criaram para si um livre espao de auto reflexo para a possibilidade da descoberta do eu como ele realmente . Assim, a conscincia do pecado como situao irremedivel do corao humano que ele mesmo ou a enxergar e a transferir para as suas histrias mais famosas, veio do grande rabi apresentado pela Bblia, e no de nenhuma das escolas de pensamento filosfico tradicionalmente chinesas.
Mas o escritor chins no conseguia aceitar a redeno que o prprio Jesus oferecia de graa para aqueles que reconhecessem suas existncias feridas e se arrependessem de sua maldade. Em seu poema A despedida da sombra, Lu Xun deixa claro que concorda com o discpulo Joo quando ele diz que aquele que pratica o mal odeia a luz e no se aproxima da luz, mas se recusa a tomar para si a prescrio mdica necessria pra sair das trevas. Ele, ento, escreve: Eu no sou nada alm de uma sombra que vai se despedir de voc e afundar dentro da escurido. A escurido me engolir, seno a luz me far desaparecer. Ento melhor eu sumir dentro das sombras, porque esse mundo pertence todo a mim.
Lu Xun dizia amar o povo chins e desejava ardentemente gui-lo por um caminho superior, assim como Jesus havia feito com os judeus de sua poca. Nesse processo que ava pela influncia que somente a literatura traria, o escritor confessou acreditar que Cristo inspirava boas ideias de amor, devoo e auto-negao necessrias para que isso acontecesse. Diferentemente de cristos chineses da poca, todavia, foi a incapacidade de Lu Xun de enxergar na figura de Jesus a imagem de um salvador pessoal. Por isso ele ite que "continuar perambulando na escurido" era sua nica opo. Tudo indica que ele nunca deu o o de f necessrio para o indivduo caminhar com Cristo, mas acreditava no poder da imagem herica de Jesus de Nazar como modelo a ser copiado por todo aquele que deseja causar mudanas significativas na sociedade. No por fora ou espadas, mas atravs do amor e do sacrifcio.
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