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A ecoansiedade e a ecoesperana e265h

Por Tiago Pereira
Os campos esto arruinados. A terra est seca. Os canais de gua se secaram. O fogo devorou as pastagens. Parecem manchetes sadas dos jornais atuais, mas so frases escritas h mais de 2400 anos, registradas no primeiro captulo do livro do profeta Joel. Na Bblia Sagrada, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, o lamento pela terra est sempre em evidncia. O apstolo Paulo, em um de seus textos mais importantes, afirma que toda a natureza criada geme at agora, como em dores de parto (Rm 8:22, NVI).
O sofrimento da terra no novidade, mas o ar dos sculos parece ter nos mostrado que a realidade ainda mais dura e implacvel do que se imaginava. O mundo contemporneo nos brindou com uma sociedade cada vez mais conectada e a ecologia nos ensinou que a natureza est interligada por meio de profundas conexes ecossistmicas. As cincias ambientais nos permitiram entender que a crise ecolgica atingiu patamares sem precedentes na histria humana, e isso afeta o planeta de tantas formas que ainda no compreendemos toda a dimenso dos danos. Com a evoluo dos meios de comunicao, adquirimos uma conscincia cada vez maior da dimenso global dos problemas que enfrentamos. No obstante isso, o debate pblico sobre as questes climticas enfrenta ao mesmo tempo uma crise de desinformao e uma retrica alarmista, dois fenmenos que tornam a situao ainda mais complexa.
Nesse cenrio, os especialistas em sade mental comearam a identificar nos ltimos anos um aumento significativo de pessoas relatando uma preocupao extrema com as crises ambientais e climticas, associando-as a quadros de ansiedade, depresso, medo e pnico. Esse fenmeno, apesar de recente, tem sido amplamente estudado como parte da tambm recente psicologia climtica, e ficou conhecido como ansiedade climtica ou ecoansiedade.
Embora os sintomas sejam similares ansiedade clnica, a ecoansiedade no enquadrada como um transtorno mental, mas em casos extremos pode estar relacionada com o abuso de substncias e at mesmo o suicdio. Por isso, h uma preocupao crescente em torno do impacto da crise climtica na sade mental da sociedade, especialmente entre as geraes mais novas, que so os que mais experimentam a falta de esperana em relao ao futuro do planeta.
Os cristos, apesar de portarem a mensagem da esperana, no esto isentos da ansiedade, e reconhecer esses sentimentos o primeiro o. Ao mesmo tempo que a Bblia ensina que se deve lanar sobre Cristo toda a ansiedade (1Pe 5:7), ela tambm pode ser vista como um livro profundamente honesto em reconhecer que h algo de errado com esse mundo, e que nossa experincia nessa vida no est isenta de angstias e sofrimentos. Os salmos de lamento so categricos em nos mostrar isso. Os salmistas no negam suas dores, mas as depositam diante do Deus Todo-Poderoso, enfatizando a sua soberania sobre a criao e reconhecendo sua presena na desolao, no deserto e na sombra da morte. O prprio Jesus no Getsmani no esconde sua angstia e sua tristeza.
Essas emoes no precisam ser reconhecidas como falhas ou mesmo pecados, mas fazem parte da nossa experincia nessa vida. O desespero e a tristeza, muitas vezes, surgem por causa da prpria compaixo que somos capazes de sentir, tanto em relao ao prximo quanto em relao ao sofrimento de toda a criao. Quando Paulo diz na Carta aos Romanos que a criao geme, nos versculos seguintes ele tambm afirma que ns gememos e o Esprito Santo geme. Ns compartilhamos os sofrimentos de uma criao que geme em trabalho de parto, junto com um Deus que tambm conhece essas dores.


Os autores bblicos sabiam muito bem que a ansiedade fazia parte das nossas experincias terrenas, mas sabiam tambm que podiam descansar nas promessas de um Deus fiel sua aliana perptua de amor e redeno. Essa aliana garantia - e ainda garante - que esse mundo no seria destrudo, e que pela f veremos novos cus e nova terra. A esperana crist, afinal, nunca se apoiou em probabilidades, mas sempre esteve amparada no relacionamento com esse Deus e na certeza da sua fidelidade.
Abrao tornou-se o pai de muitas naes porque creu nesse Deus, esperando contra a esperana (Rm 4:20). Parece contra-intuitivo, mas o que Paulo est dizendo que o fundamento da esperana crist no est nas expectativas humanas, mas na confiana de que h um sentido e um propsito para todas as coisas. E todas as coisas convergem em Cristo, como Paulo diz aos Efsios (Ef 1:10). Se entendemos que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo e nos deu o ministrio da reconciliao (2 Co 5:18,19), temos um firme fundamento para nossa esperana e bons motivos para agir em direo a esse propsito. Podemos nos tornar participantes na histria da redeno atravs do amor ao nosso prximo e do cuidado com a criao. Podemos atuar como testemunhas do Reino de Deus, promovendo a viso de um mundo criado com propsito e oferecido a ns como ddiva.
Se o primeiro o reconhecer a ecoansiedade como um sentimento legtimo, o segundo o reconhecer que precisamos, de fato, agir. E possvel agir mesmo diante da ansiedade e do medo, se conectando com outras pessoas, participando de iniciativas ambientais locais e apoiando uns aos outros na caminhada. A ansiedade climtica no precisa estar amparada na desesperana de uma ausncia de sentido no futuro, mas pode encontrar um propsito e se converter em ao. A cientista climtica Katharine Hayhoe, uma crist evanglica reconhecida como um dos nomes mais importantes na comunicao climtica atual, sempre ressalta em suas palestras que no precisamos ter esperana para comear a agir, mas a ao gera esperana. Isso uma tima notcia!
Em tempos de ansiedade ecolgica, podemos nos inspirar em Abrao, o pai da f, que esperou contra a esperana. Da ecoansiedade poder brotar a ecoesperana, na certeza de que, no fim, Ele lhes enxugar dos olhos toda lgrima; e no haver mais morte, nem pranto, nem lamento, nem dor (Ap 21:4).
  • Tiago Pereira bilogo formado pela Universidade Federal de Viosa, mestre e doutor em Botnica tambm pela UFV, com ps-doutorado em Biologia Molecular e Filogeografia. Atualmente, faz parte da equipe de trabalho da Associao Brasileira de Cristos na Cincia (ABC2) como coordenador nacional dos Grupos de Estudo. membro da igreja presbiteriana, casado com Eliza e pai de Pedro e Maria Clara.

REVISTA ULTIMATO | DOENAS QUE FAZEM SOFRER TAMBM OS QUE CREEM
Todas as pessoas tambm os que creem correm o risco de adoecer mentalmente. H multides na igreja lutando com problemas de sade mental. Felizmente, h esperana e ajuda: profissionais da sade, recursos teraputicos e medicamentos. Os cristos podem contar ainda com a ajuda extraordinria de seu Deus. E a igreja deve proporcionar um espao seguro para estes.

disso que trata a matria de capa da edio 405 da revista Ultimato. Para , clique aqui.

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